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“As Sementes de Angelim”, que será lançado na quarta-feira (29), conta a experiência de retomada de terras por quilombolas, após 30 anos de monocultura de eucalipto. O território ancestral, retomado há 5 anos, hoje gera alimentos saudáveis

“O eucalipto trouxe muita coisa ruim, acabou com as nossas caças. Nós, que somos do quilombo, estamos tentando recuperar o que eles tomaram da gente”.  Essa é uma das declarações do documentário “As Sementes de Angelim”, que será lançado na quarta-feira (29) no município capixaba de Conceição da Barra. Com imagens e edição de Fabíola Melca e realização da FASE no Espírito Santo, a produção conta com o apoio da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

O filme aborda a experiência de retomada de um território quilombola no Sapê do Norte e as consequências da plantação de eucalipto na região, formando o chamado “deserto verde” no cemitério quilombola de Angelim.  Por meio do filme, percebe-se que o sentimento das populações locais é o mesmo: a vontade de reconstruir uma terra explorada 30 anos pela monocultura de eucalipto. Para contar a história de retomada, que teve início em agosto de 2010 e ainda segue em curso, o documentário foi gravado entre 2013 e 2014.

 

Sem energia elétrica ou água encanada, a comunidade resiste  cheia de sonhos e perspectivas. A luta dos quilombolas de Angelim para reaver a área começou com um grande mutirão. Na ocasião, eles fizeram a retomada de 35 hectares do eucaliptal,  abandonados desde 2008.  O filme retrata, então, a relação que a comunidade passa a desenvolver com as terras, partindo para o cultivo de gêneros alimentares como feijão, mandioca, melancia, abóbora, bananeiras e coco.

Os quilombolas cercaram a área agrícola, demarcando a posse e o uso comunitários determinados a fazer dali uma “área livre de eucalipto e agrotóxicos”. A ideia foi ocupar a área e construir um saber agroecológico estratégico, através de um experimento concreto de transição da monocultura do eucalipto para a produção de alimentos e da recuperação da Mata Atlântica, a partir de nascentes, córregos e matas ciliares.

Hoje, a resistência em Angelim já está experimentando caminhos de transição que mostram ser possível reconstruir a agricultura por meio de modelo não industrial, que é pautado pela lógica de mercado e esgota os solos, tornando-os impróprios para o cultivo.

A área ainda está em litígio com a empresa Fibria Aracruz. Os quilombolas de Angelim pretendem ocupá-la de forma permanente com cultivos de “bem de raiz”, como são chamadas as plantas e árvores tradicionais da Mata Atlântica. Eles sabem que a Fibria tem uma enorme dívida ambiental com a comunidade e se organizam para cobrar, pressionando a empresa e o Estado para a posse e uso definitivo do território. A terra onde antes só se plantava eucalipto, retomada há 5 anos,  hoje colhe alimentos. E a luta dos quilombolas não para: eles sonham com a reconquista e a reconversão de todo o Sapê do Norte.

Serviço:

Lançamento: Filme “As Sementes de Angelim”.
Dia e horário: 29 de abril, às 18h.
Local: Centro Cultural  Teodorinho Trica Ferro – Vila de Itaúnas – Conceição da Barra – Espírito Santo.

O film  clica aqui.